sexta-feira, 6 de maio de 2016

Música para surdos?

Na cultura dos ouvintes a relação entre a música e o ouvir é prevalente, mas e para o surdo, existe uma relação possível? Pode-se dizer que a música é uma forma de comunicação pelo “toque”, devido as vibrações sonoras que produz. Se pensarmos que muitos surdos têm seus outros órgãos do sentido potencializados, eles podem experimentar as vibrações de formas até mais intensas que os ouvintes.

Um professor de radiologia da Universidade de Washington, Dr. Dean Shibata, realizou exames de ressonância magnética nos cérebros de voluntários surdos e ouvintes no momento que eles recebiam vibrações em suas mãos. Em todos os casos foi registrada atividade na região do cérebro que processa as vibrações, como era de se esperar. No entanto, nos cérebros dos surdos foi observada a ativação do córtex auditivo, região que entra em ação quando se ouve algum tipo de som, o que não foi observado com tamanha intensidade nem mesmo nos cérebros dos ouvintes.

Com os resultados dessa pesquisa, pode-se perceber que a região do córtex auditivo no surdo assume outra função na ausência da audição, ou seja, o cérebro dos surdos “adapta-se” para ouvir música. Diante dessa descoberta percebeu-se a importância de trabalhar desde a infância com a música a fim de estimular o desenvolvimento cerebral e aprimorar as habilidades dos surdos, que apresentam resultados positivos no desenvolvimento cognitivo/linguístico, psicomotor e socioafetivo.


Cinara Invitti Lemos


Fontes:


http://super.abril.com.br/cultura/musica-para-surdos


Imagem: Freepik.com.


terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

O que é Microcefalia?

A microcefalia é uma malformação congênita em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada e os bebês nascem com perímetro cefálico menor que o normal. Sua ocorrência pode estar relacionada a uma série de fatores como radiação; substâncias químicas; e agentes biológicos (infecciosos), como bactérias e vírus (BRASIL, s.d.).

Em entrevista ao Blog da Saúde, os especialistas do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Ana Elisa Baião, Márcio Nehab e Tânia Saad esclareceram mais sobre o assunto (BRASIL, 2016b):

Ana Elisa destacou que um acompanhamento específico com uma equipe multiprofissional apontará o tipo de deficiência que a criança apresentará e quais medidas serão tomadas para tratá-la a fim de possibilitar o melhor desenvolvimento possível em cada caso. Márcio Nehab afirmou que é impossível dizer qual acometimento cerebral a criança terá. Existem diferentes gradações de microcefalia, desde um grau pequeno até um grau mais severo, e assim, diversas manifestações clínicas, levando a diferenças em relação ao prognóstico. Algumas das possíveis complicações são: deficiência intelectual, paralisia cerebral, epilepsia e comprometimento no desenvolvimento global.

Tânia Saad afirmou que a microcefalia tem tratamento e este será adequado ao tipo e grau de acometimento que a criança apresentar. Feito o diagnóstico, será necessário cuidar das necessidades apresentadas, como por exemplo: fisioterapia, no caso de rigidez ou comprometimento no desenvolvimento; fonoaudiologia, se houver dificuldades de deglutição; fisioterapia respiratória, para melhorar a respiração; neuropediatria devido à possibilidade da ocorrência de crises convulsivas; pediatria, gastroenterologia e nutrição a fim de garantir a manutenção do peso ideal, para que a criança suporte melhor todas as intervenções interdisciplinares. Além dos atendimentos citados por Tânia Saad, que visam os aspectos biológicos da pessoa com microcefalia, destaca-se a importância do acompanhamento psicológico tanto nos processos de diagnóstico, estimulação, orientação, quanto psicoterápico dela e de toda a família.

O desenvolvimento infantil é um processo multidimensional que se inicia com o nascimento e que engloba o crescimento físico e a maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva da criança. Nos primeiros três anos de vida o cérebro se desenvolve mais rapidamente, constituindo oportunidade para o estabelecimento das funções que repercutirão em maior independência e, consequentemente, melhor qualidade de vida no futuro. Crianças com microcefalia e prejuízos do desenvolvimento neuropsicomotor beneficiam-se da estimulação precoce para favorecer o desenvolvimento motor e cognitivo. É imprescindível o envolvimento dos pais e familiares neste processo, uma vez que o ambiente social é o mais rico em estímulos para a criança (BRASIL, 2016a).  

Referências

Brasil. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. Microcefalia. Ministério da Saúde, 2015. Ministério da Saúde, s.d. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/orientacao-e-prevencao/xyz-microcefalia>. Acesso em: 15 fev. 2016.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolo de atenção à saúde e resposta à ocorrência de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus zika [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016a. 42 p : il. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/protocolo-sas-2.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2016.
Brasil. Ministério da Saúde. Blog da Saúde. Especialistas tiram dúvidas sobre zika e microcefalia. Ministério da Saúde, 2016b. Disponível em: <http://www.blog.saude.gov.br/perguntas-e-respostas/50545-especialistas-esclarecem-algumas-duvidas-sobre-o-virus-zika-e-a-microcefaliahtml.html>. Acesso em: 15 fev. 2016.


Cinara Invitti Lemos
Giane Maria Bosi