quarta-feira, 16 de julho de 2014

O que o “Psicológico” tem a ver com o “7x1”


Depois de um resultado inesperado da Seleção Brasileira na semifinal da Copa do Mundo, restou a cada brasileiro se perguntar: o que aconteceu com a nossa seleção? Alguns culparam os jogadores, muitos culparam o técnico, enquanto isso os jogadores e a equipe técnica falavam em “apagão”. Mas o que seria este “apagão”? Quais suas causas? Por que ocorreu na semifinal da Copa do Mundo no Brasil?
Talvez conhecer um pouco a preparação do campeão do mundo nos dê alguma dica. Apresento, a seguir, um trecho de um texto publicado no site Gazeta Esportiva, de autoria de João Ricardo Cozac, que entre outras funções, é Psicólogo do Esporte: 

(...) Hans Herman (Psicólogo do Time da Alemanha) conta com uma equipe de 12 psicólogos que atuam desde as categorias de base da Seleção da Alemanha até o time principal. São realizados trabalhos de acompanhamento psicológico – orientação familiar – mapeamento de perfil – reuniões com os departamentos médico e de preparação física – além de contar com o apoio e suporte dos dirigentes e treinadores locais.
Por lá, o psicólogo do esporte é um parceiro do time. Ele permanece – de forma permanente – com a Seleção por onde ela atua. A cada ano, inicia o trabalho na pré-temporada dos times – da mesma forma que os preparadores físicos. Na equipe alemã, mente e corpo tem a mesma importância e recebem os mesmos cuidados.
Agora, o melhor: a Alemanha conta com laboratórios de Psicologia do Esporte – com trabalhos de realidade virtual – controle e monitoramento de fenômenos psicofisiológicos (concentração e ansiedade) – utilização de técnicas relacionadas com o biofeedback e neurofeedback para o equilíbrio emocional.
(...) Além da Seleção principal, vários times locais contam com a presença de psicólogos do esporte nas bases dos clubes e também nos times principais. Tanto na primeira divisão como na divisão de acesso – os clubes apostam no trabalho psicológico. E não é de hoje. Desde 2002 – houve uma verdadeira revolução no conceito de esporte e ser humano (“ser atleta” no futebol daquele país).
O treinador da Seleção da Alemanha comentou que Hans Herman é “seu braço direito” dentro do grupo e não abre mão do trabalho e da presença do psicólogo nos treinos, viagens e competições.



   No entanto, a nossa seleção não possui Psicólogos contratados pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Por iniciativa do técnico Felipão, houve o convite a uma Psicóloga, da confiança dele, para realizar exclusivamente a avaliação psicológica dos jogadores. Este trabalho iniciou 45 dias antes do início da Copa do Mundo. E não foi remunerado! Isso mesmo, o trabalho foi realizado com base na amizade entre o Felipão e a Psicóloga, que já trabalharam juntos em outras situações. A partir da avaliação psicológica realizada, houve a solicitação por parte de alguns jogadores e do técnico para que a Psicóloga conversasse com os jogadores antes dos jogos. E esta foi a participação da Psicologia, na Copa do Mundo, com a Seleção Brasileira. (Quem quiser assistir à entrevista da Psicóloga falando sobre o trabalho desenvolvido com a seleção brasileira durante a Copa do Mundo, fornecida ao Programa Roda Viva, é só clicar aqui).


Enfim, o que salta aos olhos é a falta de importância dada ao preparo psicológico dos jogadores! O resultado foi visto por todos. E isto serve para qualquer pessoa, seja ela atleta ou não. O preparo psicológico é geralmente preterido, os resultados negativos aparecem e muitas vezes não se admite que a derrota é proveniente do despreparo psicológico!

Se esta derrota no futebol ajudar os brasileiros a cogitarem a possibilidade de que muitas das suas derrotas pessoais e profissionais possuem fundos psicológicos, já terá valido a pena!

Nós brasileiros somos conhecidos mundialmente pela intensidade das nossas emoções. E isso não é problema, desde que saibamos lidar com elas de madeira saudável, assim podemos inclusive nos beneficiar delas!

Cinara Invitti Lemos