
Talvez
conhecer um pouco a preparação do campeão do mundo nos dê alguma dica.
Apresento, a seguir, um trecho de um texto publicado no site Gazeta Esportiva, de autoria de João Ricardo Cozac, que entre outras funções, é Psicólogo do Esporte:
(...) Hans Herman (Psicólogo do Time da Alemanha) conta
com uma equipe de 12 psicólogos que atuam desde as categorias de base da
Seleção da Alemanha até o time principal. São realizados trabalhos de
acompanhamento psicológico – orientação familiar – mapeamento de perfil –
reuniões com os departamentos médico e de preparação física – além de contar
com o apoio e suporte dos dirigentes e treinadores locais.
Por
lá, o psicólogo do esporte é um parceiro do time. Ele permanece – de forma
permanente – com a Seleção por onde ela atua. A cada ano, inicia o trabalho na
pré-temporada dos times – da mesma forma que os preparadores físicos. Na equipe
alemã, mente e corpo tem a mesma importância e recebem os mesmos cuidados.
Agora,
o melhor: a Alemanha conta com laboratórios de Psicologia do Esporte – com
trabalhos de realidade virtual – controle e monitoramento de fenômenos
psicofisiológicos (concentração e ansiedade) – utilização de técnicas
relacionadas com o biofeedback e neurofeedback para o equilíbrio emocional.
(...) Além da Seleção
principal, vários times locais contam com a presença de psicólogos do esporte
nas bases dos clubes e também nos times principais. Tanto na primeira divisão
como na divisão de acesso – os clubes apostam no trabalho psicológico. E não é
de hoje. Desde 2002 – houve uma verdadeira revolução no conceito de esporte e
ser humano (“ser atleta” no futebol daquele país).

No entanto, a nossa seleção não possui
Psicólogos contratados pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Por
iniciativa do técnico Felipão, houve o convite a uma Psicóloga, da confiança
dele, para realizar exclusivamente a avaliação psicológica dos jogadores. Este
trabalho iniciou 45 dias antes do início da Copa do Mundo. E não foi
remunerado! Isso mesmo, o trabalho foi realizado com base na amizade entre o
Felipão e a Psicóloga, que já trabalharam juntos em outras situações. A partir
da avaliação psicológica realizada, houve a solicitação por parte de alguns
jogadores e do técnico para que a Psicóloga conversasse com os jogadores antes
dos jogos. E esta foi a participação da Psicologia, na Copa do Mundo, com a
Seleção Brasileira. (Quem quiser assistir à entrevista da Psicóloga falando sobre o trabalho desenvolvido com a seleção brasileira durante a Copa do Mundo, fornecida ao Programa Roda Viva, é só clicar aqui).
Enfim,
o que salta aos olhos é a falta de importância dada ao preparo psicológico dos
jogadores! O resultado foi visto por todos. E isto serve para qualquer pessoa,
seja ela atleta ou não. O preparo psicológico é geralmente preterido, os
resultados negativos aparecem e muitas vezes não se admite que a derrota é proveniente
do despreparo psicológico!
Se
esta derrota no futebol ajudar os brasileiros a cogitarem a possibilidade de
que muitas das suas derrotas pessoais e profissionais possuem fundos psicológicos,
já terá valido a pena!
Nós
brasileiros somos conhecidos mundialmente pela intensidade das nossas emoções.
E isso não é problema, desde que saibamos lidar com elas de madeira saudável,
assim podemos inclusive nos beneficiar delas!
Cinara Invitti Lemos